Por Redacção PortalPortuario.cl
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Porto do Recife recebeu a visita do vice-reitor da Universidade Federal de Pernambuco, Moacyr Araújo, da integrante do Programas de Pós-Graduação de Desenvolvimento e Meio Ambiente, Maria do Carmo Martins Sobral, e de uma equipe de pesquisadores. A equipe passou a manhã em reunião com o presidente do Porto, José Lindoso, e acompanhou parte da operação da draga. O objetivo foi conhecer o serviço de dragagem e discutir sobre o aparecimento de lixo nas praias do litoral sul de Pernambuco.
Para os pesquisadores, a causa do aparecimento de lixo no litoral sul é um conjunto de fatores atípicos que aconteceram nesse verão: chuva intensa nas cabeceiras dos rios e uma anomalia hidrológica que afetou correntes marítimas e ventos. “Esse lixo que tem chegado nas praias, sobretudo nas praias do Sul, são o resultado da combinação de dois fatores geofísicos. O que a gente observou esse ano foi um comportamento diferente, uma anomalia. Tivemos uma ação mais intensa desses ventos Nordeste, em virtude disso os poluentes foram levados para o litoral sul do que o normal. Outro aspecto que contribuiu também foram as chuvas que recebemos ao longo das bacias dos rios metropolitanos, sobretudo Capibaribe e Beberibe. Durante os meses de dezembro e janeiro, observamos uma chuva com uma intensidade maior do que o normal. E isso com certeza contribuiu para o transporte de todos os resíduos que são jogados nos rios da Região Metropolitana. A junção desses dois fatores, na minha opinião, influenciaram nesse excesso de plásticos e de lixo que foram observados nas praias do Sul”, afirma o vice-reitor da UFPE, Moacyr Araújo, que também é professor e pesquisador do Departamento de Oceanografia da universidade.
Sobre a hipótese do resíduo que está chegando às praias ser culpa da dragagem do Porto do Recife, o professor Moacyr afirma que não acredita que a obra esteja ocasionando essa situação. “A quantidade de lixo encontrada foi muito grande. Por mais intensa que esteja sendo a obra de dragagem, a fiscalização e o cuidado com a operação é grande. O bota-fora fica a 11 km da linha de costa e existe também uma triagem do material sólido antes do descarte. Portanto, esse excesso de resíduo de plástico não é oriundo da dragagem. É muita coisa para vir só daquele lugar, é um problema maior que ficou muito mais evidente por conta desses dois fatores meteoceanográficos, o excesso de chuva no verão e a virada dos ventos. Muito provavelmente, esse lixo vem dos rios, é um resíduo com características de atividade urbana”.
Eduardo Elvino, diretor de Controle de Fontes Poluidoras da CPRH, acompanhou a visita dos pesquisadores da UFPE. Para o diretor é importante trazer a universidade para a investigação pois eles possuem conhecimento técnico e científico tanto no âmbito da oceanografia quanto no tratamento de resíduos sólidos. “A chegada da universidade faz com que tenhamos muito mais tranquilidade para fechar o nosso parecer já que eles têm o know-how no âmbito da oceanografia e do tratamento de resíduos sólidos”, afirma Elvino.
A CPRH iria entregar nesta sexta um parecer sobre as investigações da relação da obra de dragagem do ancoradouro com o resíduo encontrado nas praias. Contudo, a agência decidiu postergar a entrega para a próxima semana, com o objetivo de participar da reunião com a UFPE e também de realizar uma atividade de mergulbBho na região do bota-fora. A CPRH ainda não descarta a possibilidade do lixo ter origem nos rios da RMR. “Os rios são canais, que carregam os resíduos provenientes de outras áreas das cidades direto para o mar. Como nós temos cidades muito adensadas, com uma grande quantidade de canais, isso acarreta numa poluição dentro dos nossos estuários”, reforçou Elvino.